sábado, 23 de outubro de 2010

Tenho ânsia da vida,
naturalmente sou a natureza viva,
Ora como a brisa morna dos trópicos
ora um furação em alto mar.
Ensejo o desejo...
Que me importa o desterro?
O meu corpo plácido em espelho
adorna-se em contorno puro de cor púrpura.
Hã os desejos, por que hei de cobrir-lhes
com o fino trato de organza?
Cansada de ser um não – ser,
Cujo o tempo de existência me engana...
Porque hei de ser mansa, se em mim
tudo ruge e brama?
Por que hei de desejar em penumbra
o que quero é a brasa
que marca minha pela alva e calma...
Por que devo fechar em pandora,
se o meu relicário é minha alma
sobretudo é o corpo que a emana
e ama...

Maria Dorinha, 23/10/2010

DEIXA...

Deixa...

Deixa brincar de sentido,
e viver um tiquinho
ao revisitar uma casa assombrada
que persegue ao chegar na escada,
e não aconchega na sala de estar...
Deixa brincar como criança,
onde a existência não demoliu o sonho,
e pula de ser feliz ao pequeno cantar da cigarra...
Deixa viver nesta arte,
de amar sem guarita,
mesmo com as bombas explosivas;
Mas, deixa fingir a chegada, mas nunca a partida...

Maria Dorinha
23/10/2010.